terça-feira, 27 de maio de 2008

(Di) Ferir



Havia passado tanto tempo que estavam juntos que Roberto sentiu que isso trouxera consigo a indiferença na forma da nova Valeska.
Pensou durante dias se o que iria fazer era realmente o certo, então tomou a coragem que só os aflitos têm.
Com a mão trêmula e um sorriso nervoso no rosto foi lá e disse um "não dá mais".
Não que fosse isso o que realmente queria.
Não, não era isso, não.
Sabia muito bem que de verdade sempre a amara.
A situação era desprezo. A cara carrancuda na sua frente, sempre com um desdém, escancarado como a admiração que já tinha visto neste mesmo rosto.
E isso Roberto não agüentava.
Onde estava a cumplicidade? Para onde foi o amor?
Parecia que nunca havia querido.
Como se não se conhecessem.
Como se houvesse esquecido.
Se desfez ao sair. Com lágrimas nos olhos.
Se pôs sentado.
Tentou procurar a última Valeska amorosa.
Não achou.
Se levantou e ligou o carro.
Daquela Valeska não mais seria. Roberto estava sufocado.
Agora diferiram.

* baseado em "(des)Iguais" de Ana Maria mulheresquesaodevenus.blogspot.com

Um comentário:

Mulheres que são de vênus disse...

Fred quando escreve contorna com as palavras a epiderme da alma de qualquer pessoa!


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