quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Soneto à Espera

Muito havia antes do fim,
Antes de chegar à curva final.
Sangue teu jorrado em mim;
Rubra-flor, vermelho carnal.

Fúlgido fio por demais cortante,
Dilacera a alma, flor de jasmim.
Urro meu morreria diante
Da beleza sagrada de um querubim.

Fino rosto, corado e pujante,
Capaz de me dar tamanha coragem,
Deixaste apenas a lembrança pulsante
Velada em segredo em tua doce imagem.
Guardei a ti, memória errante,
Para que voltes em eterna ancoragem.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Amores & Paixões

Os amores vêm, os amores vão. É assim hoje, foi assim ontem e continuará sendo assim sempre. Não acredito que uma pessoa ame duas pessoas ao mesmo tempo. Paixões aos milhares; amor, só um!

Alguns dizem que as pessoas amam apenas uma pessoa em toda sua vida. Outros dizem que o amor precisa ser renovado, um diferente em cada novo momento. Creio que as pessoas têm um, dois, alguns ou vários ao longo da vida, mas amar duas pessoas ao mesmo tempo, nunca.

Amor não é paixão, que é fugaz e ocorre para todos, mesmo entre aqueles que já possuem um amor. Paixão é um desejo incontrolável que passa tão rápido quanto a velocidade com que chegam, mas que mesmo assim podem causar danos irreparáveis. Danificam até mesmo o amor.

Esse, por sua vez, demora a passar, mesmo sendo ele à primeira vista. Ao contrário da paixão, que é velocista e atlético, o amor é como uma vida: nasce, cresce e morre. E durante este percurso ele sofre, ri, progride, estagna-se, perde a esperança, ganha mais um folêgo e assim ocorre até o suspiro final.

Apesar de ser e estar em alguém, ela não necessariamente acaba com a pessoa. Elas deveriam considerá-las como algo que tem vida própria, que pode morrer e que não necessariamente nos leva junto.

O problema todo é que não queremos acreditar nisso, mesmo todos nós tendo visto, ao menos uma vez, o amor do outro por nós morrer. Queremos mantê-lo de todas as formas, do jeito que pudermos. Deveríamos sofrer a perda, viver a fossa, mas nunca nos pôr no lugar dela. Deveríamos pensar que ela é um ente querido que se vai, e que sempre vai ficar na memória, bem guardada, para que possamos nos lembrar e mais nada. Mas preferimos fazer dela nós mesmos.

A paixão nos arrasa quando chega, mas nem tanto assim quando se vai. Ela nos serve como tônico para a auto-estima. É como comprar um carro novo, um tênis que nos deixa legal, até percebermos que não é tanta coisa assim. Já o amor é completo.

Imprevisível. Incontrolável. Impreciso. Inerente. Inconfundível. Ele vem e se vai.