segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Hein? Canto?

Como pôde o encanto
Acabar-se desse jeito?
Se até hoje ainda canto
A canção dentro do meu peito.

Pr'o meu salgado pranto,
A irrigar a face triste,
Vagar de canto em canto,
Se algum ainda existe.

Sendo ele somente um santo
Tentando fugir como suspeito
Que tu um dia viste
E disseste: imperfeito!

Viver seguindo em frente,
Mas mirando a sombra do passado,
Através de um retrovisor descrente
Que hoje em dia é estilhaçado

E faz criar em tua mente
Uma ilusão ou coisa assim
Que no futuro a gente sente
Perfurar como um faim.

É um caso complicado
Esse amor-morto, indigente
Que foi nascido já fadado
A consumir a'lma da gente.

Então como tu podes falar
Que acabou o meu encanto?
Se apenas sabes apreciar
Aqueles que estão defuntando.

Porque assim posso pensar
Que ainda não morri
E tu estás a admirar
O que poderia ser de ti

Num belo dia, quem sabe quando,
Um novo homem te fisgar
E o meu som for minguando
Até eu parar de cantar!